top of page
Foto do escritorMaria Clara de Oliveira

O que é o BRICS?

Atualizado: 23 de nov. de 2022



Brics é uma sigla que se refere a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, países que se destacaram no cenário mundial pelo rápido crescimento das suas economias em desenvolvimento. Estes países compartilham de uma situação econômica com índices de desenvolvimento e situações econômicas parecidas. Em dezembro de 2010, o Bric convidou formalmente a África do Sul para se unir ao grupo. O convite foi feito por Yang Jiechi que ocupa a Presidência rotativa do grupo. E a sigla ganhou um S, para África do Sul.


TRAJETÓRIA:


A primeira vez que o nome BRICs apareceu ao mundo foi em 2001 através de um estudo chamado “Building Better Global Economic BRICs” realizado pelo economista Jim O’Neil, chefe da Goldman Sachs, uma grande empresa de investimentos internacionais. O economista criou esse acrônimo (BRIC) justamente em torno do conceito de que os países Brasil, Rússia, Índia e China eram as economias emergentes com maior potencial de crescimento das próximas décadas e poderiam se destacar muito na economia mundial.

Os países apresentaram ao longo dos 5 anos seguintes um crescimento ainda além das expectativas dos teóricos da economia. Essa evolução foi possível porque nesse período, início do século XXI, houve um relativo ´´vácuo`` de poder global causado pelos novos desafios de governança internacional. Assim, as mudanças históricas das últimas décadas estão diretamente relacionadas com o processo em questão. Desse modo, é preciso estabelecer uma contextualização no que se relaciona ao cenário mundial diante desse novo agrupamento de países capazes de modificar a economia do mundo.

O mundo pós Guerra Fria, isto é, o fim de uma divisão entre Estados Unidos e União Soviética para uma comunicação mundial multidiversificada, possibilitou espaço para a ascensão de outros países que apresentavam potencial de crescimento com base em seus recursos naturais, tecnológicos ou industriais. Isso porque, mesmo que os EUA apresentassem ser uma grande potência, o século XXI trouxe aos americanos diversas limitações políticas dificultando-os a impor sua vontade sobre as outras nações.

Observado todo esse cenário internacional favorável, é em 2006 que ocorre o primeiro encontro do BRICS que é coordenado pela Rússia e acontece de maneira super informal às margens da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU). Em 2007, o encontro foi realizado do mesmo modo na AGNU, mas dessa vez coordenado a pedido do Brasil, acontecimento crucial para que os países mantivessem a integração e decidissem finalmente realizar uma reunião formal realizada entre os chanceleres em maio de 2008.


ATUAÇÃO BRASILEIRA NO BRICS:

O BRICS surge em 2006, no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, este que participou ativamente da criação do grupo e formulação inicial do projeto. Até então somente os quatro países faziam parte dessa organização, são eles: Brasil, Rússia, China e Índia.

Como já citado no texto, a ideia inicial estava fixada na cooperação internacional para um cenário econômico e participativo favorável. O Brasil acompanhou de maneira exemplar essa dinâmica; expandindo suas relações internacionais, sendo um dos maiores incentivadores do grupo à formação do BRIC. O ideal do governo brasileiro não estava somente nos acordos econômicos, mas principalmente diversificar seus parceiros promovendo uma ampla esfera de relações internacionais.

O governo foca no multilateralismo e em bases diplomáticas, deixando claro que não se tornaria um governo exclusivamente empresarialista, que o desenvolvimento social era buscado a todo momento tanto em meio nacional como internacional. Nesse sentido, o Brasil expõe a importância de países emergentes estarem juntos para o desenvolvimento comum a todos.

Justamente identificando-se com estas propostas sociais que, desde os primeiros encontros, o grupo assumiu publicamente suas concordâncias com as propostas da Organização das Nações Unidas (ONU), em especial aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Por conseguinte, algumas medidas se tornaram prioridade dentro desse contexto, por exemplo: combater a pobreza; fornecer apoio financeiro e técnico a países pobres; erradicar a fome no mundo, incentivando a assistência humanitária global; promover a inclusão, garantindo a proteção social, o trabalho digno à população e a atenção especial aos mais vulneráveis como pobres, jovens, mulheres, imigrantes e pessoas com deficiência.

Entre os anos de 2008 e 2009, a crise internacional mostra o potencial de crescimento dos BRICS, dando evidência no potencial de países emergentes em união como uma peça importante no tabuleiro internacional.

Deste modo, o início da atuação brasileira no bloco evidenciou presença, comunicação internacional e a busca pelo desenvolvimento social, que mostrou-se focado na tecnologia, no meio ambiente e no investimento econômico nacional e internacional.

O primeiro mandato da presidente Dilma começa em 2011 e vai até o ano de 2015. Desde seu começo, o ministério herdou estratégias de política externa como as de Lula, ou seja, o país manteve uma postura revisionista em relação às instituições internacionais, e sempre ativo em relação a relacionamentos e fóruns multilaterais, sendo representante principal dos países do sul. Durante o governo Dilma, o caráter desenvolvimentista teve destaque.

Apesar de estar mantendo tais posicionamentos e reforçando suas relações com várias interações, o país não apresenta o protagonismo esperado internacionalmente, pois, após tentativas de mudanças em pequenas posturas, acaba tendo uma redução em sua produtividade. Isso acontece perante tanto a conjuntura econômica internacional, quanto a situação financeira interna que o Brasil estava passando.

Com isso, o Brasil começa com a redução de presença internacional decaindo a cada ano até o atual governo; nos dois mandatos do governo Dilma ainda houve um crescimento desenvolvimentista e ambiental. Porém, a falta de presença no mercado estrangeiro foi ganhando uma latência frequencial.

Atualmente, a falta de diplomacia presente no governo Bolsonaro é um problema. Todavia, especialmente na política externa, muitas das medidas prometidas não foram realizadas por conta dos diversos interesses domésticos que poderiam ser afetados com tais ações.

Analisando a gestão internacional bolsonarista, nota-se a ideologia como ferramenta chefe para seus acordos e movimentos tanto nacional como internacionalmente. De acordo com Juliano Cortinhas (2019), professor de relações internacionais da Universidade de Brasília, em entrevista dada à UOL (BARBOSA, 2019).

“O Brasil fez uma guinada ideológica à direita e se afastou dos principais países dos Brics. Os próprios ministros do governo Bolsonaro já criticaram a China por conta do alinhamento com os Estados Unidos, o que dificultou o diálogo com os BRICS”.

Em março de 2020, novos conflitos foram gerados pelo deputado e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, que através de uma rede social criticou e culpou a China pela pandemia do coronavírus. Depois do ocorrido, representantes da diplomacia chinesa responderam negativamente o comentário do deputado, e então o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pediu retratação por parte dos diplomatas, enfraquecendo novamente as relações do governo com a China.

Ao analisar os eventos citados fica evidente a instabilidade na diplomacia brasileira durante o governo Bolsonaro, essa instabilidade coloca as relações do Brasil com os principais países do BRICS em risco, além de tornar imprevisível o rumo da política externa brasileira.


REFERÊNCIAS:

Comments


bottom of page