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Foto do escritorSawara Brasil

O mercado de trabalho para pessoas negras

Atualizado: 10 de jun. de 2022

A Mitologia Racial

O mito de existir no Brasil a convivência harmoniosa e justa entre as diferentes etnias responsáveis pelos processos sócio históricos brasileiros, mais uma vez ressurge à pauta.

A escravização de pessoas negras e de povos originários desde a época da colonização até seu término oficial em 1888 resultou em profundas fissuras étnico-raciais nas estruturas institucionais brasileiras sustentadas pelo racismo que persistem atualmente com abismos de diferenças econômicas e sociais, como ficaram evidentes em 2020.

Após libertas, às pessoas negras escravizadas não foram destinadas políticas públicas de reparação e/ou reinserção socioeconômica na dinâmica de trabalho, uma vez que na tentativa de branquear o Brasil, as oportunidades foram destinadas à mão de obra estrangeira, deixando a maior parte da nossa população desamparadas.

Assim, a falta de consciência sobre a importância da criação de políticas públicas no mercado de trabalho para realizar um reparo histórico-social existe porque desconsidera um passado baseado em quatro séculos de exploração e ausência de oportunidades para pessoas negras.

"Mas eu acho que..."

Segundo os últimos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2018 na pesquisa "Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil", pessoas negras eram a maior parte da força de trabalho no Brasil, cerca de 54,9%; considerando como "força de trabalho" empregos que exigem baixa escolaridade e/ou escolaridade técnica.

Porém, a proporção de negros e pardos entre as pessoas desocupadas e subocupadas foi muito mais expressiva. Naquele ano, correspondiam a cerca de dois terços das pessoas que não tinham emprego – 64,2%.

Além disso, a população negra é a que mais recorre ao mercado de trabalho informal. Em 2018 o número de trabalhadores negros informais era de 47,3%, sendo que entre às pessoas brancas o percentual era de 34,6%.

Portanto, a existência dos números prova como a ausência de ações afirmativas e reparo às desigualdades sócio históricas no país determinaram a falta e/ou as baixas condições de trabalho para a população negra, desmascarando o achismo que tenta sustentar a democracia racial no Brasil.

Iniciativas urgentes

A urgência do assunto pôde ser observada durante o mês de setembro de 2020 quando a rede varejista Magazine Luiza divulgou seu processo de seleção trainee 2021 exclusivamente para pessoas negras, depois de observar sua ausência em funções de liderança na empresa. A iniciativa foi seguida pelas empresas Bayer e P&G que também divulgaram processos seletivos exclusivamente para estudantes e/ou recém formados(as) negros(as).

Instantaneamente, por persistir o mito da democracia racial, surgiu uma repercussão negativa nos meios sociais e informativos tentando argumentar a existência de um racismo reverso , contra pessoas brancas, nessas seleções empresariais.

Contudo, mais uma vez, essas medidas precisam existir para reparar os abismos sócio históricos que desfavorecem as condições de qualidade de vida adequada para a população negra em relação às pessoas brancas.




Referências Bibliográficas

  • AFONSO,Nathália. Dia da Consciência Negra: números expõem desigualdade racial no Brasil.Lupa. Folha de São Paulo. Disponível em <https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2019/11/20/consciencia-negra-numeros-brasil/#:~:text=56%2C10%25.,7%20milh%C3%B5es%20se%20declaram%20pardos.> Acesso em 16 out 2020.

  • Democracia racial: mito ou realidade. Artigos e reflexões.Portal Geledés. Disponível em <https://www.geledes.org.br/democracia-racial-mito-ou-realidade/> Acesso em 16 out 2020.

  • SILVA, Juremir Machado da.Vagas só para negros: branquitude pira.Correio do Povo. Disponível em <https://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/vagas-s%C3%B3-para-negros-branquitude-pira-1.486164> Acesso em 16 out 2020.


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