Graças ao boom das redes sociais passamos a ter acesso a mais informações, não só sobre o mundo mas também sobre as pessoas que seguimos. As redes, além de criar novos tipos de conexões, também nos proporcionaram, nos últimos anos, o surgimento de novos modos de representar e nos sentir representados. Usar o espaço das redes pode ser uma importante ferramenta para manifestar sua visão do mundo . Você já parou pra pensar sobre o posicionamento das pessoas que você segue e se elas de fato te representam?
Uma questão de posicionamento:
Uma das grandes questões que cercam as pessoas influentes é o posicionamento político e a sua opinião acerca de determinados temas. As redes sociais estão recheadas de divergências de opinião, visto que esse é um país “livre” onde você pode manifestar aquilo que acredita através do meio que lhe for propício.
A identificação (ou não) com uma pessoa quase sempre é automática. Por exemplo: se você é uma pessoa preta, com deficiência, ou LGBTQIAP +, certamente conhece e segue alguém que também faz parte de um ou mais grupos que te representam. A ligação entre influenciador e quem é influenciado é carregada de responsabilidade, já que é natural querer sentir-se representado nesse espaço digital em constante crescimento. A assistente social e artista Primavera diz:
“ Eu gosto de seguir pessoas que agreguem aquilo que eu pretendo seguir na minha vida, coisas que eu gosto, entretenimento, frases motivacionais e coisas que eu acredito, em resumo: aquilo que agregue no meu estilo de vida.”
Uma questão que também é importante considerar é se pessoas, além de te representar em um âmbito, também compartilham da mesma opinião política que você. Essa discussão não é de agora: o movimento de questionar pessoas influentes sobre o seu posicionamento já vem acontecendo a alguns anos e devido ao cenário político atual tem se intensificado cada vez mais. Mesmo que alguns aspectos fiquem explícitos, é importante considerar se os valores dessas pessoas também são os seus.
Como filtrar?
Uma vez presente no âmbito digital, é importante considerar a continuidade desse vínculo criado através das telas, já que de certa forma as pessoas que você segue exerce alguma influência sobre você. Tem se levantado com cada vez mais frequência o debate acerca do que é chamado de unfollow terapêutico. O conceito desse debate parte do ponto de que é saudável deixar de seguir algumas pessoas, visando o bem da sua saúde mental. O termo, que traz referências aos relacionamentos pessoais, pode ganhar proporção mais ampla quando reforçamos a importância de buscar coerência nas pessoas que seguimos. Pelo bem da saúde mental, algumas pessoas acabam decidindo deixar de seguir alguns perfis durante o período eleitoral, por não se identificar com os ideais das pessoas por trás dele. O alinhamento do discurso e ação é um fator a se considerar na decisão de seguir ou deixar de seguir alguém.
O valor do seu follow está exatamente aí: é possível impulsionar ou boicotar, reafirmar ou desconsiderar o discurso de alguém através do simples ato de seguir, curtir, ou compartilhar as informações que são propagadas pelas redes sociais através do perfil de alguma pessoa. Uma prova disso é o impacto negativo da disseminação de fake News que protagonizou a campanha presidencial em 2017, ferramenta que vem sendo utilizada na campanha atual - embora seja confrontada através de perfis comprometidos com a verdade todos os dias.
A política faz parte do nosso dia a dia, e é possível fazer política através de simples atos. Mais do que nunca, o cenário político atual exige consciência e alinhamento estratégico.
“Ja foi a época de seguir por seguir... O seguir também é super político”
-Jhonathan Ferreira, artista trans (@rainjhonstsn)
Já parou pra pensar que você pode começar a fazer política através do seu follow, antes de fazer com o seu voto?
Referências:
Portal UOL, “Unfollow terapêutico: quando parar de seguir alguem”, disponível em:
Catraca livre, “quem você segue nas redes sociais ebó que isso diz sobre você”, disponível em:
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