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Foto do escritorBeatriz Chaves

Revolta da Vacina

Atualizado: 1 de jun. de 2022

Antes de entendermos como se deu a Revolta da vacina, vamos esclarecer um pouco sobre a Varíola, doença que desencadeou diversos acontecimentos. Iremos falar sobre uma revolta que aconteceu especificamente no estado do Rio de Janeiro, por volta de 1904, porém, a varíola chegou no Brasil muito antes, chegando através da presença dos europeus ao continente.


Essa é uma doença muito contagiosa, a média de mortalidade é de 30% causada pelo vírus Ortopoxivírus variolae. Ela é transmitida pela secreção e a saliva da pessoa infectada, as “bolhinhas” de pus que são formadas também contém o vírus, por isso, é recomendado que as pessoas fiquem isoladas e não compartilhe objetos. Os principais sintomas são: febre alta, náuseas, vômitos, dor de cabeça, dores no corpo, mal-estar, prostração, pústulas (“bolhinhas”) pelo corpo e coceira.



Como podemos observar, é uma doença grave e é considerada uma das mais mortais do mundo, por isso, a vacina foi fundamental para o controle da doença, porém, o modo pelo qual a vacinação fora imposta, desencadeou essa revolta.



O Rio de janeiro no século XX, mais específico no centro da cidade, era ocupado por habitações coletivas, como cortiços, e casas de cômodos onde moravam famílias pobres sem recursos para melhores moradias; não podemos esquecer que nessa época o estado era a capital da república. Devido a esse cenário, muito criticado pela elite da época, de ser o responsável pelas epidemias, por isso, o prefeito Pereira Passos iniciou uma reforma urbana com a justificativa de “higienizar a cidade”. Com isso, deu início à construção de grandes obras públicas, o alargamento das ruas e avenidas, derrubou habitações coletivas expulsando a população pobre dos casebres e cortiços, fazendo com que essas pessoas se deslocassem para periferia ou para encostas dos morros distante do local de trabalho.



Pereira Passos nomeou o sanitarista Oswaldo Cruz para chefiar o trabalho da saúde pública no combate às epidemias. As medidas eram necessárias para o combate à doença, porém, a forma autoritária de agir do governo resultou em sua execução: revoltando a população carioca e desencadeando o conflito conhecido como Revolta da Vacina. Devido a falta de acesso à informação, principalmente das camadas mais pobres, juntamente com boatos de que a vacina causava sintomas da doença, e não sua proteção, fora desencadeada uma onda de pânico.



A campanha de saneamento foi imposta com autoritarismo, sem nenhuma explicação ou esclarecimento da importância da vacina e da higiene. Essa campanha era realizada com invasão e vasculhamento das casas da população. Muito mais do que nos tempos atuais, a sociedade era extremamente conservadora e receber a vacina à força, mostrando parte do corpo para uma pessoa desconhecida era considerado totalmente imoral. Somando a todos esses problemas e o cenário caótico de moradia à população, em específico das camadas populares, foram às ruas para enfrentar os agentes de saúde e os policiais entre os dias 10 e 16 de novembro.



O Rio de Janeiro virou um campo de guerra com saques em estabelecimentos, barricadas para enfrentar os policiais armados e etc. Essa revolta, foi apoiada pela oposição do governo que se aproveitaram da situação gerada, com o objetivo de causar um golpe de Estado. Diante da ameaça, Rodrigo Alves mandou bombardear a Escola Militar da praia Vermelha, no dia 16 decretou estado de sítio (para facilitar a repressão ao movimento popular), e enviaram algumas pessoas ao Acre. Depois de tudo, a lei da vacina obrigatória foi modificada, tornando facultativo o seu uso.

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