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Foto do escritorLupita Viana

Produtividade na pandemia



Que a pandemia afetou de maneira drástica a vida de pessoas ao redor do mundo, isso não é novidade, carreira, vida financeira e até estrutura familiar sofreram drásticas interações por conta do contexto de isolamento social em que todos estivemos inseridos desde março de 2020. A vida cotidiana não foi mais a mesma, e um dos aspectos mais influenciados pelas mudanças trazidas com a pandemia foi a produtividade.


O Home Office foi a modalidade de trabalho e estudos adotado por muitas pessoas durante o período pandêmico, visto que todos foram impedidos de sair de suas casas por causa das ferramentas de isolamento social, a fim de conter o avanço do SARS-CoV-2, o COVID 19.


Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (IPEA), 11% dos trabalhadores ativos no Brasil passaram a exercer suas atividades profissionais de forma remota, 74 milhões de brasileiros estavam trabalhando no país e, dentre eles, 8,2 milhões trabalhavam fora de suas casas.


O bombardeio de informações, junto com a urgência de entrega de demandas profissionais ou não, fez surgir um fenômeno que ficou conhecido como produtividade tóxica. Diante desse fenômeno, foi comum encontrar pessoas que passaram a fazer uma quantidade maior de coisas em um período menor de tempo, seja por influências externas, pelo aumento da demanda de trabalho versus atividades doméstico ou por readaptação à realidade que passou a ser conhecida como “o novo normal”.


Anna Pachecco comentou, em sua coluna no El país:


“ Nós pensávamos (e diante do medo, desejávamos) que o confinamento nos daria uma trégua produtiva, mas o confinamento veio a nos dar um pouco mais de apreensão”.


Diante do boom das lives, da propaganda em massa de rotinas de exercício em casa e do convite iminente para novos cursos on-line a cada dia, baixar o ritmo não era uma opção. Ser 100% produtivo, 100% do tempo, tornou-se o único caminho para muitos, que cederam à pressão da cobrança externa. Dentro desse cenário, então, começaram a se reforçar diálogos importantes sobre a Síndrome de Burnout.


A síndrome se caracteriza por esgotamento emocional, redução da realização pessoal no trabalho e despersonalização do profissional. Isso acaba se refletindo em outras áreas que não somente a do campo de trabalho. Não é pouco comum que pessoas acometidas de tal síndrome não consigam organizar tarefas cotidianas, se sintam constantemente insatisfeitas com seu trabalho ou vivem se comparando e se sentindo incapazes de alcançar seus objetivos.


É importante salientar também que essa produtividade em massa muitas vezes vem acompanhada do sentimento de frustração. Segundo a pesquisa do IPEA, o perfil dos trabalhadores brasileiros em Home Office era composto em sua maioria por pessoas brancas (65,6%) que estavam quase sempre empregados no setor privado (63,9%), as camadas não brancas e com menos oportunidades da população sofreram mais ainda o impacto dessa produtividade forçada. Acontece que a ausência de estrutura, equipamentos adequados, e até mesmo de acesso à internet fez com que, mesmo com o número semelhante de demandas, muitos não tivessem sequer a chance de cumprir com suas tarefas de trabalho e estudo de maneira adequada.


Ser produtivo é um atributo essencial em qualquer área de atuação, mas também pode ser uma armadilha. Ter acompanhamento profissional adequado, assim como adotar uma rotina adaptada à sua realidade são as chaves essenciais para um desempenho eficaz e saudável acima de tudo.




Referências:


El país: “Cómo no hacer nada”, por Anna Pachecco, em https://elpais.com/espana/catalunya/2020-03-19/como-no-hacer-nada.html. Acesso em 19 de abril de 2022


Portal G1.com: “Home office atinge 11% dos trabalhadores no Brasil diante da pandemia em 2020, aponta Ipea”, por Daniel Silveira, em https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/07/15/home-office-atinge-11percent-dos-trabalhadores-no-brasil-diante-da-pandemia-aponta-ipea.html. Acesso em 21 de abril de 2022


Revista Brasileira de Medicina do trabalho, “Síndrome de Burnout”, por Francinara Pereira Lopes e Pêgo e Delcir Rodrigues Pêgo, em https://www.rbmt.org.br/details/46/pt-BR/sindrome-de-burnout.Acesso em 21 de abril de 2022




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