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Foto do escritorTamile Gomes da Silva Pinheiro

Por que não é impresso mais dinheiro em tempos de crise?

Atualizado: 17 de dez. de 2022



De onde vem o nosso dinheiro?


O dinheiro no Brasil é impresso pela casa da moeda, uma empresa responsável pela emissão monetária no país, ou seja, ela imprime as cédulas e as moedas que circulam pela economia brasileira. Apesar de tamanha responsabilidade, é o Banco Central quem regula e controla essa emissão. Além disso, esse órgão federal é quem determina a quantidade e frequência de emissão do dinheiro.



Por que não se deve imprimir mais dinheiro em tempos de crise?


Seria uma solução muito simples imprimir mais dinheiro num momento de escassez de recursos, no entanto, a impressão de dinheiro deve acompanhar a riqueza real do país. Isso é necessário porque a moeda recém impressa é posta em circulação de maneira imediata. Desta forma, o governo manda imprimir o dinheiro e o utiliza para pagar dívidas, fazer obras ou para injetar nos caixas dos bancos comerciais. Por outro lado, o aumento na produção de insumos e serviços não acompanha o mesmo ritmo.


Segundo Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, ao emitir mais moeda, o governo oferece à população maior poder de compra e, em função disso, gera-se o desejo de comprar mais. Contudo, a quantidade de produtos ofertados continua a mesma. Logo, os preços sobem por causa da alta demanda por produtos, cuja oferta não consegue acompanhar.


É normal que a quantidade de dinheiro num país, medida pelas notas, moedas e saldos das contas em bancos, cresça à medida que o tempo passa e os investimentos e a produção de insumos aumentam. Todavia, isso acontece de maneira gradual e tende a acompanhar a expansão da economia. Sendo assim, a produção de dinheiro é uma forma artificial de crescimento, pois apenas o volume de dinheiro cresce, enquanto investimento e produção continuam no mesmo ritmo de crescimento.


Caso houvesse a impressão de mais dinheiro, a inflação e a dívida pública disparariam. Descontrole da inflação e a crise inflacionária são consequências clássicas da impressão excessiva de dinheiro, além da perda de credibilidade da gestão pública e a fuga de dólares da economia. Consequentemente, seria necessário o estabelecimento de uma taxa de juros altíssima para combater todos esses efeitos colaterais, o que acarretaria em desemprego e recessão econômica, além de dificuldades para pagar a dívida pública, tornando o país mais empobrecido e não o contrário.

Isto posto, o economista Josué Pellegrini do Instituto Fiscal Independente, IFI, afirma que imprimir mais dinheiro não é uma opção de política pública, pelo contrário, deve ser apenas adotada como último recurso pela gestão. Além disso, ele explica que é um mecanismo ao qual o governo recorre quando não há meios para pagar as dívidas, o que não passa de uma forma de calote.


Outra consequência devastadora seria a desvalorização do real e a hipervalorização do dólar. Isso aconteceria porque começaria a sobrar reais, tanto em relação a insumos e serviços, quanto em relação a outras moedas. Por isso, o valor despencaria. Conforme o valor do dinheiro diminui, ele se torna mais necessário ao governo e, consequentemente, mais moeda é impressa, o que geraria mais perda de valor monetário. O resultado seria uma imensa bola de neve.



O Brasil já passou por isso antes?


O Brasil passou a maior parte do século XX com alta inflação. Oficialmente, nas décadas de 80 e 90, passou por uma crise de hiperinflação, chegando ao ápice da crise entre 1989 e 1990, quando os preços aumentaram cerca de 80% ao mês. A inflação brasileira fechou em 2020 a 4,52% ao ano. Porém, a taxa mais alta desde a estabilização do Plano Real, é uma taxa de 12,5% ao ano.


O historiador Julio Cesar Zorzenon, professor de história econômica da Unifesp, aponta que, no Brasil, em vários momentos, recorreu-se à impressão de dinheiro. Como, por exemplo, Getúlio Vargas em 1930, durante a crise de 1929 e do excedente da produção de café. Também foi utilizada por Juscelino Kubitscheck para implementar o plano de metas. Assim como ocorreu na ditadura militar, principalmente após de 1979, e mais tarde no governo Sarney, de 1985 à 1990.





Referências:


ELIAS, Juliana. Por que o Brasil simplesmente não imprime mais dinheiro para sair da crise? Disponível em <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/10/03/brasil-imprime-dinheiro-pagar-divida.htm?app=uol-cotacoes-v2&amp;plataforma=iphone&amp;cmpid=c> Acesso em 08 de abr de 2021.


Redação Nubank.Casa da moeda: o que é e como funciona? Disponível em <https://blog.nubank.com.br/casa-da-moeda/> Acesso em 02 de abr de 2021.


UOL.Inflação fecha 2020 a 4,52%, acima do centro da meta; é a maior desde 2016. Disponível em <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2021/01/12/inflacao-dezembro-2020-ibge-ipca.htm?cmpid=copiaecola> Acesso em 02 de abr de 2021.


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