Ao atingir uma multidão de pessoas com a finalidade de gerar diversão em torno de determinados assuntos, a gente fala sobre o ato de entreter. Atualmente, essa audiência vem sendo fomentada com diversos tópicos que nos fazem questionar o significado da palavra entreter. Será que sabemos o que é entretenimento?
Estamos tão atolados em nossos dramas diários que buscamos fontes de prazeres rápidos e, na maioria das vezes, superficiais. Esse consumo nos direciona para uma possível produção ou não, há quem diga que o entretenimento tem nos deixado alienados. Mas vamos partir da premissa de que desde o tempo das cavernas o ser humano gosta de histórias, a arte em si tem esse poder de entreter, e carregamos ela com a gente desde a antiguidade. Aliás, falando em histórias antigas e puxando o gancho para o que podemos ver hoje em dia, quem não se sente entusiasmado ao ver ou saber de alguma coisa que aconteceu no passado? Carregamos essas histórias com a gente até hoje, isso é uma ação inevitável, faz parte da curiosidade humana, e vamos além, faz parte do estudo da nossa história, das nossas origens. Eis aqui um ponto interessante, não?
E nossas histórias carregam questões que nem a gente consegue responder, fazendo com que passemos a nos entreter com as histórias das vidas alheias. E agora a coisa fica séria… Querem saber o motivo? Vamos nessa!
Quem aqui nunca se viu debatendo sobre o comportamento de uma outra pessoa? Seja na vida real, ao fazer/ouvir uma fofoca, na televisão ao assistir uma novela ou jornal, ao ler uma revista, no celular, etc. A indústria do entretenimento é gigante, e ela está trabalhando a todo vapor o tempo inteiro, a todo segundo. Essa indústria dita, propaga e reforça estereótipos que fazem com que o preconceito e julgamento deem as mãos e nos moldem enquanto sociedade. E aqui a gente poderia discutir e trazer fatos e dados sobre os nichos de entretenimento e suas consequências, mas resolvemos abrir mão disso e trazer uma conversa mais franca e questionadora mesmo. Até quando iremos permitir que isso aconteça? Será que a gente consegue pôr limites no atravessamento que recebemos e fazemos diariamente?
Batemos um papo com o jornalista, escritor e documentarista Alexandre Petillo sobre suas percepções em cima do entretenimento atual. E vocês podem conferir a seguir:
Como você define o entretenimento?
Pra mim, o entretenimento é uma importante válvula de escape para que a humanidade não enlouqueça. Para nos ajudar a fugir um pouco da realidade, a entender visões, ideias, outros mundos através dessa arte. O entretenimento pode ser popular, simples, como também pode ser sofisticado. E cada um de nós pode escolher o melhor entretenimento para cada momento da vida. Tem alguns momentos que você só quer esquecer o mundo, se divertir, esfriar a cabeça. Em outros momentos, você quer ser provocado, ser incomodado, se inspirar - nesse momento você pode buscar um entretenimento mais rebuscado. Em todos os casos, o entretenimento é fundamental para não enlouquecer.
Como você se vê inserido no entretenimento?
Sempre achei o entretenimento fascinante. Desde criança eu era fascinado desde os programas de TV populares, como os filmes europeus que, vez por outra, passavam na madrugada. Assim como transitava entre os livros da minha mãe e os gibis de heróis. Acabei tentando buscar um espaço pra mim nesse universo, sonhar em ganhar a vida fazendo cultura. Já escrevi para revistas, jornais, escrevi livros, dirigi documentários. Me vejo nesse meio como um operário do entretenimento e o que me guia é tentar levar o máximo de informação da forma mais leve possível. Se alguém entender alguma coisa e sorrir ao mesmo tempo, me sinto realizado.
As percepções de entretenimento mudam o tempo inteiro, no que ele está diferente atualmente?
Hoje eu acho que a grande transformação se encontra nos novos meios de entreter. As pessoas buscam primeiramente o entretenimento nas redes sociais. O entretenimento, que em outras épocas residiam em programas de TV, rádio ou cinema, produzidos por profissionais, hoje ganhou uma roupagem “amadora”. Qualquer um pode “entreter” nas redes sociais, com memes, textos, fotos, o que for. Isso não é ruim. Mas também é perigoso. Tanto que é um “veículo”, vai lá, que leva muita gente a ter crises de ansiedades, etc.
Como você vê a influência do entretenimento em outros segmentos sociais como a cultura e a política?
Atualmente, essa influência sempre foi bem marcante. Já tivemos momentos em que o entretenimento ditou a política, derrubou governos, inspirou as pessoas a se posicionarem. Hoje essa influência parece um pouco mais segmentada. O que tem a ver com a resposta anterior. Quem tem uma linha de pensamento, procura se entreter com quem fala o que ela quer ouvir. E também parece que não temos nenhum “entertainer” interessado ou capaz de transpor essas linhas imaginárias.
Acha que em algum momento o impacto que o entretenimento causa como influenciador nos modos e costumes da nossa sociedade será diminuído?
Acredito que não. O Entretenimento sempre vai influenciar essas áreas. Ele só vai mudar de formato, plataforma…
Referências:
O Entretenimento Moderno Como Catalisador de Debates Religiosos. Disponível em: <https://agemt.pucsp.br/noticias/o-entretenimento-moderno-como-catalisador-de-debates-religiosos> Acesso em 18 Maio 22
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