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Foto do escritorBeatriz Chaves e Maria Clara de Oliveira

Caso Miguel Otávio

Atualizado: 6 de jun. de 2022

Miguel Otávio Santana da Silva foi uma criança de 5 anos que morreu no dia 2 de junho ao cair do 9º andar em um edifício no Recife. Vamos entender como desencadeou a tragédia que aconteceu com a criança e as últimas atualizações das investigações.


Mirtes Renata mãe de Miguel era funcionária doméstica na residência de Sarí Gaspar Cortê Real e do prefeito de Tamandaré Sérgio Hacker (PSD). No dia em que a tragédia ocorreu, a mãe de Miguel saiu para passear com o cachorro de Sarí (sua patroa) e deixou o filho sobre a responsabilidade da mesma enquanto cumpria suas ordens. A mãe relata que a criança ficou chorando ao deixá-lo, de acordo com imagens da câmera de segurança a criança entra no elevador a procura de sua mãe. Nas imagens a patroa segura a porta em um primeiro momento e fala com a criança e logo em seguida Miguel sai do elevador.


Em um intervalo de 3 minutos a criança volta a entrar no elevador, ele aperta vários botões impedido pela Sarí que está bloqueando a porta. Em seguida Sarí aperta um botão e desbloqueia a porta do elevador deixando a criança sozinha. Sozinho no elevador a porta se abre, mas a criança não sai. Após as portas se abrirem novamente no 9º andar a criança sai e é onde ela infelizmente cai.


A patroa foi presa em flagrante por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), mas foi liberada para responder o processo em liberdade após pagar uma fiança de R$ 20 mil reais. A polícia não divulgou o nome da responsável pela morte da criança para não descumprir a Lei N 13.869 de 2019 Art. 38. que conta:

“ Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: (Promulgação partes vetadas)

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.”


Isso nos faz questionar, será que se fosse ao contrário a funcionária doméstica fosse a responsável pela morte do filho da patroa, será que o rosto dela já não estaria estampado em todos os jornais e mídias nacionais?


Três dias após a morte de Miguel houve protestos devido a indignação do ocorrido e pedindo justiça. Manifestantes se concentraram no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE) em seguida, percorreram pelo edifício local da tragédia. Os manifestantes levantavam faixas escritas: “Vale R$ 20 mil a vida de uma criança?” “E se fosse filho da patroa?” “Se ela [a patroa] tivesse um pouquinho mais de paciência, meu filho estaria comigo hoje”.


Nas últimas informações da investigação, a polícia não descarta a possibilidade do menino ter sido jogado. Uma nova suspeita entende que o menino não poderia chegar ao local sozinho, os obstáculos no caminho da criança com 1,15 metro indicam que ele não conseguiria atingir os condensadores de ar-condicionado, onde ele caiu.


Posição do Politiquei


Primeiro gostaríamos de chamar sua atenção, querida(o) leitora(o), para o fato da funcionária doméstica mesmo em um cenário mundial em que enfrentamos uma pandemia onde o Brasil se encontra em segundo lugar em números de mortes no mundo por convid-19, ainda sim a funcionária era obrigada a exercer suas funções normalmente. Segundo, é preciso observar o racismo presente não somente no indivíduo (no caso, a patroa), mas nas instituições pois foi preciso somente o pagamento de uma fiança de R$ 20 mil reais para Sarí responder o processo em liberdade.


Onze dias depois do ocorrido o Politiquei reforça um conjunto de fatos reafirmando o racismo na tentativa de não deixar que Miguel seja esquecido. Estamos em busca de justiça e nos solidarizamos com a família, nossa forma de ajudar é levar informação para cada vez mais pessoas para que a comoção não seja seletiva.

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