Em 2018, 4.519 mulheres foram assassinadas no Brasil. 68% das vítimas eram negras. 1 mulher é assassinada a cada 2 horas. A cada 11 minutos 1 mulher é estuprada. Afinal, “feliz dia das mulheres" para quem? No 5° país onde mais matam mulheres, devemos repensar a importância e o verdadeiro significado do dia Internacional das mulheres.
Em 2015, 45.460 casos de estupro foram registrados no Brasil, ou seja, 22,2 casos a cada 100 mil habitantes, segundo dados do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2016. Um levantamento encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública indica que 52% das mulheres vítimas de agressão ficaram caladas. Mas, por que se calam? Aqui vão alguns dos motivos.
Vítimas não identificam o que sofreram como assédio
Muitas mulheres não sabem quais ações se enquadram como assédio. Você sabe identificar?
Conversas ou piadas obscenas;
E-mails, mensagens ou ligações com teor sexual;
Assobios, sons inapropriados, insultos ou gestos intimidadores direcionados a você;
Pedidos de favores sexuais em troca de benefícios;
Ser avaliada pelos atributos físicos;
Comentários desrespeitosos sobre como se veste;
Convites frequentes para saídas, ainda que você afirme não ter interesse;
Olhares ofensivos ou constrangedores;
Violação da sua intimidade e vida sexual;
Perseguições presenciais ou virtuais;
Exposição e reprodução de imagens íntimas suas sem permissão;
Toques não permitidos por você, e que te deixe desconfortável;
Medo de que ninguém acredite nelas
Em 2018, em uma cidade do estado de Washington, Estados Unidos, uma jovem foi acordada por um homem que a amarrou, violentou e tirou fotos dela. Marie (seu segundo nome) denunciou o crime, contou sua versão várias vezes, mas foi desacreditada pelos investigadores do caso. Por fim, com tanto descrédito, a vítima foi levada a confessar perante à justiça que inventou toda a história. Dois anos e meio depois, duas investigadoras do condado vizinho, que investigavam alguns casos semelhantes ao de Marie, prenderam um homem chamado Marc O’Leary, o culpado pelos casos de estupro. As provas colhidas pelas investigadoras comprovaram tanto os outros estupros, quanto o de Marie.
Medo da impunidade
No Brasil, em 2018, Mariana Ferrer fez uma denúncia, afirmando ter sido violentada em um evento no Café de La Musique, um Beach Club bastante conhecido de Florianópolis. Em 2019, um exame pericial comprovou a verossimilhança dos materiais genéticos do empresário André de Camargo Aranha e dos exames de corpo de delito de Mariana. Mudanças nas versões de André e um vídeo capturado por uma das câmeras de segurança do Beach Club, flagraram o empresário e a jovem, que estava cambaleando, subindo uma escada que dava acesso à uma parte pouco frequentada no lugar. Em 2020, o caso foi julgado, mas André fora absolvido por falta de provas.
Outros motivos são levados em conta, como medo de reviver o trauma, medo do violentador e sentimento de culpa.
Visão de um futuro com mais justiça
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu a tese de legítima defesa da honra como argumento de defesa em casos de feminicídio. Em unanimidade, para os 11 ministros, a tese contraria princípios da Constituição.
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