Nos últimos dias você provavelmente deve ter ouvido nos programas de tv e podcasts, lido textos e assistido vídeos com notícias nas redes sociais sobre a tomada da liderança do Afeganistão pelo Talibã.
Provavelmente, na maioria desses meios de comunicação podia-se notar a sensação de medo, tristeza e horror diante do acontecido e para entender essas reações, vamos falar um pouco sobre a origem e atuação desse grupo.
Foto: Paula Bronstein/Getty Image
Tudo começou na Guerra Fria
Durante a Guerra Fria a política e economia do mundo basicamente se separavam em dois blocos: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o Comunista, liderado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Dessa forma, esses países competiam entre si para ditar as regras da política e economia do mundo, e como eles faziam isso? Influenciando e financiando países subdesenvolvidos na América Latina, África e Ásia.
Acontece que na década de 1970, a URSS tentou conquistar o Afeganistão e instaurar um governo comunista em seu território, o que não foi aceito pela população, nem pelos Estados Unidos que tinham interesse em terem influências capitalistas no Afeganistão devido sua localização geográfica e acesso a demais países na Ásia.
Por isso, os Estados Unidos começou a financiar em estratégia e treinamento militar grupos armados locais, os chamados mujahideen, para lutarem junto ao governo do Afeganistão contra os exércitos da URSS, e foi assim até 1992.
Quando a URSS deixa de ter interesse no Afeganistão em 1992 e retira seu exército do país, os Estados Unidos também se retiram, pois já não havia mais a necessidade de apoiar o governo afegão.
Assim, o Afeganistão se encontra com uma crise social, econômica e política, uma vez que não havia uma liderança central no poder, mas diversos grupos que queriam reivindicá-lo. Começando uma guerra entre grupos internos pela liderança política do país. Dessa forma, em 1994, surge um novo grupo fundamentalista: o Talibã.
Ascenção do Talibã
Dessa forma, de 1994 até 2001 o Talibã liderou o Afeganistão impondo leis de acordo com a sua interpretação e distorção da fé islâmica (a sharia), restringindo e atacando direitos humanos de todas as pessoas, mas principalmente mulheres que foram proibidas de estudar a partir dos 12 anos, foram obrigadas a usar roupas que cobrissem todo o seu corpo exceto os olhos, proibidas de frequentar espaços públicos sem a presença de um homem da família, algumas obrigadas a se casar com membros do Talibã, com punições a serem apedrejadas, estupradas e mortas.
2001
Em 2001 foi realizado um ataque terrorista aos Estados Unidos pela Al Qaeda, liderada à época por Osama Bin Laden, que se refugiou no Afeganistão e teve proteção pelo Talibã.
A partir daí, os Estados Unidos começam uma guerra no Afeganistão contra o Talibã e a Al Qaeda buscando mostrar ao mundo que eles não sairiam impunes.
Com a morte de Osama Bin Laden, o exercito dos EUA continua no Afeganistão sobre a prerrogativa de “levar a democracia” ao país, fazendo o governo liderado pelo Talibã ser destituído e elegerem um presidente, e com a volta da proteção dos direitos humanos.
20 anos
O Talibã não deixou de existir quando saiu do poder em 2001, e continuou a oferecer resistência às tropas americanas instaladas no Afeganistão. A ocupação do país pelos Estados Unidos foi alvo de grande controvérsia nos últimos anos, sendo cobrada sua saída.
Assim, em 2018 o governo Donald Trump começou a negociar com o Talibã um acordo de paz e com o fim de seu governo em 2020, as tropas começaram a ser retiradas.
Em abril de 2021, o presidente Joe Biden afirmou que as forças americanas deixariam definitivamente o país em agosto de 2021.
Assim que as forças estadunidenses começaram a deixar o país, no dia 15 de agosto, o Talibã rapidamente assumiu o controle de diversas cidades afegãs, até tomar o poder de sua capital, Cabul, e chegar novamente ao governo.
Nesses primeiros momentos, o grupo extremista tenta se mostrar moderado e, em seus primeiros pronunciamentos, afirma que os direitos das mulheres que correspondam à lei islâmica serão respeitados pelo novo governo.
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