A origem do Setembro Amarelo veio de um caso estadunidense; o jovem Mike Emme era conhecido por ser carinhoso, amável e alegre, isto segundo relatos de seus amigos e família, rodava por sua cidade com seu Mustang 68 amarelo, que havia reformado por conta própria. Em 1994 Mike com 17 anos tirou sua vida, chocando todos a sua volta, ninguém notou sinais que o rapaz estava planejando seu suicídio.
Durante seu velório foram preparadas cestas com cartões amarelos com a frase “Se precisar, peça ajuda”. Essa pequena ação de seus amigos se espalhou pelo país, jovens comunicavam as pessoas a sua volta que não estavam bem por meio de cartões amarelos. Em 2003, a Organização Mundial da Saúde(OMS) elege dia 10 de setembro como Dia Mundial da Prevenção Contra o Suicídio.
No Brasil, apenas em 2015 foi adotado ao calendário nacional o mês da prevenção ao suicídio chamado de Setembro Amarelo, nome e mês escolhidos a partir da campanha da OMS. Setembro passou a ser um mês de eventos voltados a prevenção, fitas amarelas em lapelas/crachás e de luzes amarelas em monumentos nacionais. Todavia ao final do 9º mês do ano os eventos de prevenção e campanhas para conscientização desaparecem.
Em 2016, foi apontado pelo Ministério da Saúde 11.433 mortes por suicídio, cerca de 5,8% de 100 mil habitantes (MS,2018). Aproximadamente 96,8% dos casos tem relação com transtornos mentais, como depressão, ansiedade e síndrome do pânico, ou abuso de substâncias.
No mundo os casos de suicídio são mais frequente entre homens, cerca de 78% de todos os registros, nos países com maior renda, o número de homens que cometem suicídio é três vezes maior que entre as mulheres. Já nos países de baixa e média renda, a taxa é de 1,5 homem morto por essa causa para cada mulher.(OPAS,2020)
As instituições nacionais que cuidam da prevenção ao suicídio são o CVV( Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Em 2017, o Ministério da Saúde lançou uma agenda estratégica de prevenção, visando cumprir a meta de redução de 10% dos óbitos por suicídio, da OMS.
Quem está mais em risco?
Como já citado pessoas que possuem transtornos mentais (como ansiedade, depressão, bipolaridade e síndrome do pânico) e abuso de substâncias. Além desses casos existem suicídios impulsivos que ocorrem em momentos de crise, como colapsos nervosos, problemas financeiros graves e términos de relacionamentos.
Além disso, o enfrentamento de conflitos, desastres, violência, abusos ou perdas e um senso de isolamento estão fortemente associados com o comportamento suicida. As taxas de suicídio também são elevadas em grupos vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes; indígenas; lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTQIA+); e pessoas privadas de liberdade. De longe, o fator de risco mais relevante para o suicídio é a tentativa anterior.(OPAS/OMS,2018)
Sinais de Alerta
Falar sobre querer morrer, não ter propósito, ser um peso e sob dor insuportável
Procurar por forma de se matar
Abuso de álcool e drogas
Dormir muito ou pouco
Se isolar da convivência social
Demonstrar raiva extrema ou falar sobre vingança
Ter alterações de humor extremas
Agir de modo ansioso, agitado e irresponsável
Ambiente familiar hostil
Relatos de violência psicológico
Pandemia X Suicídio
Em contexto de pandemia, estudos da Organização Pan-Americana da Saúde(OPAS) alertam sobre o aumento dos fatores de risco de suicídio. A pandemia do COVID-19 está aumentando casos de ansiedade, depressão e angústia extrema. Além de casos de violência doméstica, alto consumo de álcool e abuso de substâncias, esses fatores combinados com a incerteza do que o futuro reserva podem aumentar a vontade de tirar a própria vida.
“Suicídio tem a ver com um sofrimento insuportável que a pessoa acha que não vai acabar nunca. É preciso mostrar que é possível transformar essa esperança na morte em esperança de que a pessoa pode ser tratada, pode buscar outros caminhos, entender as coisas e reagir a elas”, Karen Scavacini (psicóloga co-fundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio).
O ano de 2020 pegou o mundo de forma desprevenida, afetando o bem-estar mental de todas as pessoas, é importante estar conectado aos outros e estar atento aos sinais de alerta. Lave bem as mãos, se puder fique em casa e mantenha contato social por meio das redes.
Canais de ajuda
A Prevenção ao suicídio não deve ter atenção somente no mês de setembro, fique atento a sua volta e se precisar, peça ajuda, disque 188. O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone(188), e-mail (caixa de e-mail no site “cvv.org.br”) e chat(por meio de suas redes sociais) 24 horas todos os dias.
Referências:
PANDEMIA da COVID-19 aumenta fatores de risco para suicídio. [S. l.], 14 set. 2020. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pandemia-da-covid-19-aumenta-fatores-de-risco-para-suicidio/. Acesso em: 17 set. 2020.
PANDEMIA por Covid-19 e o risco de suicídio. [S. l.], 9 jun. 2020. Disponível em: https://pebmed.com.br/covid-19-e-o-risco-de-suicidio/. Acesso em: 17 set. 2020.
CARTILHA de Prevenção ao Suicídio. [S. l.], 25 maio 2020. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/41420/2/Cartilha_PrevencaoSuicidioPandemia.pdf. Acesso em: 17 set. 2020.
FRANCO, Marcella. Crescem publicações sobre suicídio no Brasil durante a pandemia; veja como buscar ajuda. [S. l.], 3 jul. 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/07/crescem-publicacoes-sobre-suicidio-no-brasil-durante-a-pandemia-veja-como-buscar-ajuda.shtml. Acesso em: 17 set. 2020.
AGÊNCIA SENADO. Casos de ansiedade, depressão e suicídio aumentam durante pandemia. [S. l.], 10 set. 2020. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/audios/2020/09/casos-de-ansiedade-depressao-e-suicidio-aumentam-durante-pandemia. Acesso em: 17 set. 2020.
GNTECH. Origem do Setembro Amarelo: Como surgiu o movimento de prevenção do suicídio. [S. l.], 1 set. 2020. Disponível em: https://gntech.med.br/blog/post/origem-setembro-amarelo-prevencao-suicidio. Acesso em: 17 set. 2020.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Novos dados reforçam a importância da prevenção do suicídio. [S. l.], 20 set. 2018. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/44404-novos-dados-reforcam-a-importancia-da-prevencao-do-suicidio. Acesso em: 17 set. 2020.
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