Por: Lupita Kayalla
Estudantes das universidades e institutos de ensino federais têm sido surpreendidos desde o mês passado com os rumores de uma greve. Diversas assembleias foram realizadas para ouvir a categoria, que envolve profissionais docentes e do setor administrativo destes institutos. Algumas universidades federais já entraram em estado de paralisação - que é quando as atividades são suspensas por períodos menores que uma greve. Toda essa movimentação é um reflexo dos cortes na educação que aconteceram no final do governo Bolsonaro e sobre os quais a Politiquei já falou aqui em outro momento - é só clicar nesse link para ler o texto na íntegra.
Quais são as reivindicações?
Em Brasília, a mobilização liderada pela ADUnB (Associação dos Docentes da Universidade de Brasília) acontece por reajuste salarial e pela reestruturação da carreira. Já no Paraná, os professores deflagraram greve no dia 09 de abril e se mobilizam por melhores condições de trabalho e recuperação do orçamento para as universidades federais. Esses são só o exemplo de duas universidades federais. Fazendo um aparato geral, temos quatro pautas principais: Reajuste das perdas salariais acumuladas desde o governo Temer, maior investimento nas instituições de ensino, novos planos de carreira e contratação de mais trabalhadores através de um novo concurso público.
Negociações continuam acontecendo:
Uma proposta foi apresentada pelo MGI aos servidores no dia 10 de abril. O MGI é o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e coordena os assuntos ligados à gestão administrativa dos servidores federais de diversas áreas, dentre outras atribuições. Na primeira proposta, o MGI registrou que só negociaria com trabalhadores que não entrarem em greve. Porém, após repercussão negativa, o ministério enviou uma nova proposta que retirava a cláusula que proibia o direito ao estado de greve. Até o dia 11 de abril, data da última reunião entre servidores e representantes do governo, o Governo Federal manteve a proposta de reajuste salarial zero para 2024. Outras propostas foram apresentadas invés disso, e dentre elas estão:
Reajuste de 51,9% no auxílio alimentação;
Aumento no auxílio saúde de R$144,38 para até R$215 por pessoa;
Aumento do auxílio creche para R$484,90.
Do ponto de vista estudantil:
A redação da Politiquei esteve presente em uma das assembleias organizadas pelo movimento estudantil que aconteceu na UFRB, no campus de Cachoeira. Os estudantes do Centro de Artes, Humanidades e Letras votaram a favor de melhorias na infraestrutura do campus, maior representação no conselho estudantil e por uma nova residência universitária, dentre outras pautas. Os alunos também reivindicam uma melhor distribuição de recursos entre os centros da UFRB Na UFSB, em Porto Seguro, os professores aderiram ao estado de greve decretado para o próximo dia 15. Segundo Enny Cristine, estudante de Ocaenologia, “Tem acontecido assembleias gerais para deliberações e levantamento de pautas locais que atendam aos estudantes” Ainda segundo a estudante, os alunos estão aguardando a reunião marcada para a esta segunda-feira para definir os próximos encaminhamentos sobre a suspensão do calendário e saber se serão levadas em consideração as pautas dos alunos”. Já na UFBA, em Salvador, uma votação por curso definiu que 41,5% dos estudantes são contra aderir a um estado de greve, contra 40% dos alunos que são a favor. Desses votos, 86,2% são a favor de um estado de mobilização. “Quando se pensou num estado de greve as duas assembleias que aconteceram foram no sentido de explicar como procederia este estado de greve, e diante disso surgiu o consenso do estado de mobilização“ diz Juliana Maria Rodrigues, estudante de Letras Vernáculas com Língua Estrangeira Moderna. Na opinião de Juliana, a Universidade vai demorar para acatar a greve, tanto do ponto de vista dos estudantes quanto dos professores.
Até a data da publicação desta matéria, uma universidade e dois institutos entraram em greve, e pelo menos sete universidades entraram em estado de greve (podendo aderir à greve a qualquer momento).
Link para o texto sobre os cortes na educação no governo Bolsonaro:
Referências:
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