Por apresentar diferentes níveis de chuva, facilmente veremos as mídias falarem sobre a crise hídrica aqui no Brasil. Isso não está acontecendo exclusivamente agora, sempre aconteceu. Então, toda a discussão sobre racionamento de água e, consequentemente, energia elétrica vem acompanhada de diversas campanhas do Governo abordando esse assunto. Uma das justificativas para tal crise é o clima tropical com longa fase de verão chuvoso, acompanhado por cerca de três a quatro meses de inverno mais seco, chamado de estiagem. Logo, o nível de reservatórios aqui no Brasil diminui, fazendo com que a produção elétrica diminua também, além de vários outros fatores geográficos.
A soma do período de estiagem com o período de redução do índice de chuvas, faz com que a gente observe efeitos dramáticos nos reservatórios de água. O desmatamento também tem grande influência em tudo isso, por proporcionar menos umidade na atmosfera para produzir a chuva que precisamos, além de outros fatores geográficos e biológicos que sofrem alterações naturais e desencadeiam consequências ruins para os nossos reservatórios de água.
Então, é muito normal a gente ver por aí que a crise atual é a maior, obviamente a situação tende a vir pior a cada crise hídrica, não estamos fazendo o suficiente para amenizar os efeitos do caos que nós mesmos causamos. Até o final do ano passado, os dados estatísticos informavam que o Brasil tinha perdido cerca de 15,7% da superfície de água, o que equivale a uma região Nordeste e meia. Segundo afirma Carlos Souza Jr., coordenador do MapBiomas Água, as evidências indicam que as pessoas já começaram a sentir o impacto negativo com o aumento de queimadas, impacto na produção de alimentos e de energia e até com o racionamento de água em grandes centros urbanos. Lembrando que água e saneamento básico são direitos humanos segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, cerca de 35 milhões de pessoas estão sem acesso à água tratada.
E nem tudo está perdido, algumas organizações seguem na luta para garantir a aceleração das agendas de universalização dos serviços de água e esgoto no país, como é o caso do Instituto Iguá, porém segundo essas instituições, caso o ritmo de avanço atual seja mantido, a situação só será aproximada da ideal em 2060. Mas e o poder público? O que eles têm feito para que essa situação seja modificada?
“Hoje, eu me dirijo novamente a todos para informar que nossa condição hidroenergética se agravou. O período de chuvas na região Sul foi pior do que o esperado. Como consequência, os níveis de reservatórios de nossas usinas hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste sofreram redução maior do que a prevista.” - Bento Albuquerque, Ministro do Estado de Minas e Energia
O problema disso tudo é que eles vêm a público falar que não se tem muito o que fazer quando isso acontece, a não ser pedir à sociedade e alguns setores para reduzirem o consumo. Mas até quando isso acontecerá sendo que todos esses riscos são previamente vistos? Não há uma preocupação em incentivar políticas e tecnologias que promovam o uso mais sustentável em todos os setores, incluindo a exigência de uma fiscalização maior do Governo para com um dos nossos piores problemas ambientais, o desmatamento. Vale ressaltar que segundo a ONU, mais de 2,7 bilhões de pessoas deverão sofrer com a falta de água em 2025 se o consumo do planeta não diminuir. Vários países já conseguiram contornar a situação, e o Brasil precisa se inspirar nesses casos internacionais bem sucedidos com implementação de regulamentação para técnicas de reuso, aumento de investimento em infraestrutura, programas de conscientização nacional, diminuição do desperdício, entre várias outras ações.
Logo, constata-se que para atingir os níveis de consumo consciente de países como a China, Austrália, Japão, Estados Unidos e outros que já passaram por situações de crises hídricas e conseguiram diminuir os impactos delas, o Brasil (e o brasileiro) vai precisar se readaptar a novos tipos de consumo sustentáveis e reaproveitáveis. O reuso da água é apontado como uma das melhores técnicas, e o mesmo ainda é tratado em território nacional com preconceito, e isso é super entendível, pois devem ser aplicados processos de infraestrutura de alto nível para que essa água seja reutilizada, e isso requer investimentos altos. Mas não seria melhor fazer esses investimentos e regular as fiscalizações do que ter que sofrer o tempo inteiro com o temor da escassez de água? Fica a questão.
Referências:
Crise Hídrica: entenda a questão no Brasil. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=9UP7zYQBVQ4&t=293s > Acesso em 22 Maio 22
Crise Hídrica: Brasil já perdeu um Nordeste e meio de água. Disponível em: <https://gife.org.br/crise-hidrica-brasil-ja-perdeu-um-nordeste-e-meio-de-agua.> Acesso em 22 Maio 22
06 soluções de países diferentes contra a escassez de água. Disponível em: <https://cebds.org/escassez-de-agua> Acesso em 25 Maio 22
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