Por: William Santos
Não é novidade para ninguém que a dengue se tornou uma das grandes vilãs desse país e que os casos de pessoas que são picadas pelo mosquito aedes aegypti só aumentam. A mobilização para acabar com a proliferação é enorme, mas ainda não suficiente para acabar com os casos. Logo, decidimos aqui falar mais um pouco sobre ela, as consequências e trazer também os dados alarmantes das últimas semanas. Para começar, vale lembrar de onde vem exatamente essa doença tenebrosa.
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda, podendo se apresentar de forma benigna ou grave. O vírus, infecções anteriores por ele e fatores individuais como doenças crônicas (diabetes, asma e anemia, por exemplo) são fatores que irão determinar a gravidade da infecção. Ele pertence à família do flavivírus e é considerado no meio científico como arbovírus, transmitido pelos mosquitos aedes aegypti - conhecidos quatro sorotipos (1, 2, 3 e 4). Febre, dor de cabeça, náuseas, dor de cabeça, dores pelo corpo ou sintoma algum são apresentadas pelas pessoas doentes após serem picadas pelo mosquito transmissor do vírus. Ainda há casos mais complicados que apresentam manchas vermelhas pela pele, sangramentos (gengivas e nariz), dor abdominal intensa e contínua, além de vômitos persistentes - que sinalizam a existência de dengue hemorrágica. Quando aparecem os sintomas mais graves citados, há a necessidade imediata de atenção médica, pois pode se tratar de quadros fatais. Mas o importante é procurar ajuda médica no surgimento de seus primeiros sintomas.
Facilmente confundida com outras doenças, como febre amarela, malária ou leptospirose, a importância da procura pelos médicos se torna ainda mais especial aqui, pois há alguns casos que não apresentam indícios de sintomas, por isso, nós não sabemos se já fomos infectados anteriormente - chamados de casos subclínicos (assintomáticos).
A responsável por todo esse caos é a picada da fêmea do mosquito. Logo, nada de achar que se trata de uma doença contagiosa, pois não há ainda casos de transmissão pelo contato direto e nem pelas secreções, muito menos por meio de fontes de água ou alimento. Mas calma aí, pois aqui nós começamos a falar de uma das principais maneiras de evitar a proliferação dos mosquitos. Já sabem o motivo, né? A água parada, gente!
O acúmulo de água parada deve ser combatido pois se trata do local que propicia a criação do mosquito transmissor da doença. Logo, vamos evitar acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de planta, jarros de flores, garrafas, caixas d’água, tambores, cisternas, sacos plásticos, lixeiras e afins.
Vamos aos dados atualizados?
Só neste ano o Brasil atingiu a marca de dois milhões de casos prováveis de dengue registrados;
682 pessoas morreram em decorrência dessa infecção;
O mesmo mosquito transmissor da dengue faz a transmissão da chikungunya e zika - lembrando que a zika é responsável por causar microcefalia em bebês;
Neste ano, a maioria dos casos estão concentrados na região sudeste do país;
Por se tratar de uma doença que apresenta quatro diferentes sorotipos diferentes, a dengue pode infectar uma mesma pessoa mais de uma vez;
“O país tem potencial para enfrentar novos surtos, uma vez que existem regiões que têm potencial para uma epidemia porque as pessoas não contraíram a doença no passado, não criando anticorpos, e há muita circulação do mosquito transmissor”, diz Edmilson MIgowski, infectologista e pediatra diretor do Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
E agora? Nada de desespero! A Anvisa aprovou no início de março o registro de uma nova vacina contra a dengue. A QDenga (da empresa Takeda Pharma LTDA.) é composta por quatro sorotipos diferentes do vírus causador da doença, garantindo uma ampla proteção contra a doença. O imunizante é destinado à população pediátrica acima de quatro anos, adolescentes e adultos até 60 anos de idade. A vacina é a primeira aprovada no país para um público mais amplo, a primeira (Dengvaxia) só pode ser utilizada para quem já teve dengue. E ela também vem com a missão de nos proteger principalmente contra a dengue hemorrágica, que é a versão mais grave da doença.
Mas há contraindicações, viu? Pessoas imunodeprimidas, com alergia grave a algum dos componentes da vacina, gestantes e mulheres amamentando, e pessoas que não tiveram contato com a dengue não devem tomar a vacina. As pessoas que vivem com HIV devem passar por avaliação médica antes de tomar a vacina.
O SUS começou uma campanha de vacinação que visa abranger boa parte da população e o Ministério da Saúde tem recomendado que as pessoas procurem o serviço logo nos primeiros sintomas, e nos faz um alerta precioso: 75% dos focos do mosquito estão dentro de nossas casas. Então, nada de vacilar, tá? Os casos só têm aumentado e é sempre válido relembrar que precisamos cuidar de nós mesmos.
Referências:
Dengue. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/dengue-16/#:~:text=%C3%89%20uma%20doen%C3%A7a%20infecciosa%20febril,asma%20br%C3%B4nquica%2C%20anemia%20falciforme).> Acesso em: 29 Mar 2024
Vacina da dengue: quem pode tomar e onde encontrar. Disponível em: <https://drauziovarella.uol.com.br/vacinas-2/vacina-da-dengue-quem-pode-tomar-e-onde-encontrar/> Acesso em: 29 Mar 2024
Anvisa aprova nova vacina contra a dengue. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2023/anvisa-aprova-nova-vacina-para-a-dengue> Acesso em: 29 Mar 2024
Epidemia de dengue também está levando a aumento dos casos de zika e chikungunya. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/articles/cqvx9w1j342o> Acesso em: 29 Mar 2024
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